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quarta-feira, 13 de maio de 2009

Construção do Imaginário



Construção do imaginário

Objetivo
Perceber a arte como forma de expressão de valores.

Comentário
As imagens também constroem a história de um povo e carregam consigo valores de uma época e/ou de um grupo social.

Material
O texto Debret e a construção do imaginário histórico brasileiro, artigos de jornais ou um conto ou crônica literária.

Estratégias
1) Leitura e interpretação do texto.

2) Leitura das imagens que estão nos textos e de outras que o professor tenha.

3) Leitura de um texto que o professor escolher: crônica ou conto. É importante que seja o mesmo conto para todos os alunos.

Atividades

1) Individualmente, os alunos devem produzir uma imagem (desenho, fotografia, escultura ou instalação) que sintetize sua interpretação do texto lido para a turma.

2) Comparar essas interpretações e discutir com a sala os aspectos comuns entre as produções dos alunos, bem como os elementos que chamaram, mais ou menos, a atenção.

SugestõesExperimente fazer o inverso também. A partir de uma imagem não muito conhecida, pode ser do próprio Debret, fazer com que os alunos escrevam a história que se passa na cena ou a história da pessoa (caso seja um retrato), sem que o professor dê qualquer informação. Ao comparar os textos, os alunos perceberão como, em suas interpretações, estão arraigados valores pessoais e coletivos.
Debret e a construção do imaginário histórico brasileiro


Com a vinda da família real, em 1808, o Brasil passou de colônia a Reino Unido de Portugal. Depois, com a independência, em 1822, tornou-se, pelo período de 67 anos (até a proclamação da República, em 1889), um império independente.Durante trezentos anos, nosso país foi essencialmente agrário e explorador de ouro, atividade que já começava a declinar no início do século 19. Um princípio de modernização, contudo, teve início com a chegada da corte portuguesa. A capital, Rio de Janeiro, passou a ser transformada segundo padrões parisienses. Seguindo esse objetivo, dom João 6º convidou vários artistas, a conhecida Missão Artística Francesa, para que se estabelecessem no Brasil, com o objetivo de impulsionar o ensino da arte e a produção artística do nosso país, numa época ainda marcada pelo barroco. Esses artistas tinham como modelo o neoclassicismo. Dentre esses artistas, destacamos neste texto Jean Baptiste Debret, figura fundamental, responsável por registrar parcela significativa das mudanças sociais daquela época, retratando os membros da monarquia, o povo, os costumes e vário aspectos da cultura. Os artistas da Missão Artística Francesa ajudaram a construir todo um imaginário sobre aquela época. Mas o que isso quer dizer?

O que é imaginário?

Quando falamos de "imaginário", estamos nos referindo à reunião de elementos característicos da vida, da cultura de um grupo de pessoas, de um povo ou de uma nação. Por exemplo, pense nas gírias que você fala: de onde elas surgiram? Pense nas músicas que você ouve e nos filmes que você vê, ou, ainda, como era a roupa do Super-Homem nos quadrinhos da década de 1950 e como ela é hoje. Existe uma cultura típica do nosso tempo, da mesma forma que nos comportamos de uma maneira completamente diferente da de nossos avós, por exemplo.Ninguém, atualmente, diz que uma pessoa bonita é um "broto", gíria típica dos nossos avós, e a roupa do Super-Homem é completamente diferente daquela usada pelo personagem de histórias em quadrinhos quando as primeiras revistas começaram a aparecer. Da mesma forma, uma mulher usar calças na corte de dom João 6º seria um comportamento imoral, inaceitável.Ou seja, há costumes próprios de cada tempo, de cada época. E os artistas de um determinado período da história contribuem para o imaginário que construímos sobre essa época. Assim, as leituras e as interpretações que fazemos das imagens, das pinturas e das esculturas do passado estão marcadas pelas escolhas e pelos estilos desses artistas, mas também pelos nossos valores, pelas nossas crenças atuais, que formamos ao longo da nossa vida.

Jean Baptiste Debret

Debret documentou os acontecimentos da história brasileira no início do século 19. Ele e os membros da corte tinham consciência da importância da circulação de gravuras tratando de diferentes aspectos da vida no Brasil. Ou seja, eles se preocupavam com a divulgação da imagem do Brasil no exterior, principalmente pelo fato de o Brasil não ser mais apenas uma colônia, mas Reino Unido de Portugal. Debret seria importante mesmo depois da Independência. Ele soube se transformar no pintor comemorativo oficial do império. Observe, por exemplo, no texto
Influências na arte brasileira no século 19, o detalhe da obra "Coroação de D. Pedro 1º". Desde a morte de dom Sebastião, em 1578, nenhum rei português era retratado com a coroa colocada na cabeça, mas segurando-a ao lado do tronco, como se apenas o próprio dom Sebastião a merecesse, quando retornasse (dom Sebastião morreu na batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, mas seu corpo jamais foi encontrado, o que deu início a um movimento chamado "sebastianismo", cujos seguidores acreditavam na volta messiânica de dom Sebastião).Na pintura de que falamos acima, contudo, dom Pedro usa a coroa. Como você acha que isso foi percebido na época? Com certeza, serviu para enaltecer a figura do novo imperador e colaborou para a criação da imagem de dom Pedro como um herói.Mas Debret não gravou apenas momentos que ele considerava importantes para a história ou cenas da vida da família real. Ele também documentou o cotidiano de pessoas comuns, sempre com um olhar neoclássico e, segundo alguns autores, já adotando a estética do romantismo.Para entendermos a influência de Debret sobre o nosso imaginário, vamos observar e comparar a imagem do índio e a do negro do inicio do texto.
Como o índio está representado? E os negros?
A representação do índio é totalmente idealizada. Para Debret e outros pintores neoclássicos, os índios são sempre fortes, com traços bem definidos, e estão sempre em cenas heróicas. Quanto aos escravos, ainda que sendo punidos, as cores da pintura minimizam o drama do castigo, e a senzala, local onde provavelmente estão, encontra-se inclusive limpa, iluminada.Será que vem daí o fato de esquecermos, muitas vezes, que houve escravidão indígena no Brasil? Ou, ainda, viriam dessas imagens a idéia de que os índios eram fortes e não se deixavam escravizar? Embora a escravidão africana tenha sido muito maior, em termos de número de escravos, os índios também foram escravizados, principalmente no período do bandeirismo. Com relação aos negros, dificilmente vemos a representação de negros revoltosos e descontentes com sua situação de cativos. Normalmente, eles estão trabalhando - e, quando castigados, têm um olhar resignado. Será que vem daí a idéia de uma "democracia racial" no Brasil?Diversos fatores contribuem para a construção do imaginário sobre determinada época, mas, certamente, a comunicação visual - por meio de pinturas e gravuras, ou da fotografia, da tevê e do cinema - tem uma força muito grande.







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